Junk Art

Maternités - Jean Pierre Augier

O termo Junk Art (tradução literal: arte lixo) foi empregado pela primeira vez pelo crítico britânico de arte e curador Lawrence Alloway em 1961, para descrever obras de arte feitas a partir de sucata de metal, máquinas quebradas, trapos de pano, madeira, papel e outros materiais "achados". Materiais banais, usuais no dia a dia são a sua marca de identificação. 

Mas essa ideia não é recente. O movimento modernista iniciado no início do século XX já pregava a fuga dos materiais tradicionais e a vontade de mostrar que a arte pode ser feita com qualquer coisa.

O artista dadaísta Marcel Duchamp (1887-1968) se destaca como sendo um dos pioneiros, pela sua coragem e excentricidade ao criar os “ready-mades”, um artigo produzido em massa, escolhido aleatoriamente, isolado de seu contexto habitual e apresentado como uma obra de arte.
Temos como exemplo a famosa Roda de bicicleta, um ready made elaborado em 1913 e que se encontra atualmente no Centro Pompidou em Paris. 

Marcel Duchamp - Roda de bicicleta (1913)

Picasso - Guitarra (1913)

Famoso na história da arte, o cubista Pablo Picasso sem dúvida nenhuma também está entre os precursores da Junk art, visto que, no mesmo período que Duchamp, sai do eixo pictórico para lançar a sua guitarra cubista sintética feita com chapas metálicas e fios. A peça encontra-se atualmente no MoMA - Museu de Arte Moderna.

O artista ucraniamo Vladimir Tatlin, viaja para Paris em 1913 e se empolga com as construções tridimensionais de Picasso, levando para Rússia a ideia de produzir esculturas abstratas com diversos materiais, formando a base para a criação do movimento Construtivista.  Em 1914, utilizando ferro, cobre, madeira e cordas em suas experimentações estéticas surgem trabalhos como o Relevo de Esquina.

Vladimir Tatlin, 1914

E os trabalhos vão ganhando outras proporções, saindo dos limites das galerias como as obras do Norte Americano David Smith "Hudson River Landscape" de 1951

David Smith - 1951

Enfim, os exemplos são múltiplos e o legado é o que nos interessa. Com essa revolução vanguardista hoje temos a possibilidade de apreciar o trabalho criativo de diversos artistas contemporâneos, que aproveita os detritos urbanos pesados e sem vida, gerando uma metamorfose estética impressionante.

A popularidade do que é agora visto como um tipo de arte contemporânea com um sentido mais moderno da estética, é tão grande que objetos de lixo estão começando a aparecer em todos os tipos diferentes de arte, incluindo pintura, escultura, assemblage (colagens com objetos e materiais tridimensionais), instalação e arte conceitual.

Selecionei alguns contemporâneos que sintetizam perfeitamente a Junk Art em todos os seus conceitos:

1. Jean Pierre Augier - O escultor francês encontra sua inspiração em ferramentas antigas ou em objetos de ferro transformando-os em personagens em movimentos:

2. Nirit Levav - Israelita formada em design, Nirit é uma artista multidisciplinar, que tem muita afinidade com a arte e reciclagem. Os trabalhos abaixo foram feitos com correntes de bicicleta velhas.

 
3. Hasan Novrozi - desenvolveu suas técnicas no Irã e criou uma coleção de animais que parecem vivos e cheios de emoção. Eles são montados a partir de peças de metal, componentes automotivos e outros tipos de sucata.

4. Jota Azevedo - Os brasileiros não ficam de fora... o artista em questão é pernambucano e enfatiza que a sua ideia não é somente criar arte com material reciclado e sim cuidar da educação ambiental de jovens e crianças

5. Armando Olive - Para finalizar, já que estamos diante de uma sociedade tecnológica altamente descartável, em que trocamos de aparelho a cada lançamento produzindo com isso uma enxurrada  de lixo eletrônico, a criatividade desse artista cearense mostra-nos alguns caminhos...   

E então? Em tempos difíceis, esse é um convite e tanto aos criativos de plantão. A matéria prima certamente está bem pertinho de nós!

Abraços
Carla Camuso

Conheça melhor os artistas contemporâneos citados:
Nirit Levav - http://www.niritlevav.com/portfolio/ 
Hasan Novrozi - http://www.awesomeinventions.com/steampunk-animal-sculpture/
Jota Azevedo - http://jotazevedo.blogspot.com.br/
Armando Olive - http://www.armandoolive.net/

Outras fontes:
 

Visual Arts Encyclopedia

Esculturas MARAVILHOSAS

Arquimedes de Siracusa - Simon Louis Bouquet, 1752 - Louvre - Paris

Os grandes mestres da escultura, especialmente renascentistas, não buscavam apenas a perfeição das formas... buscavam o momento em que um sopro pudesse dar vida à fria pedra.
Um dos escultores renascentistas mais conhecidos, Michelangelo, ao unir sua genialidade criativa à uma técnica perfeita criou maravilhosas esculturas a exemplo da Pietà, Davi e a escultura que exemplifica o que foi dito acima: Moisés, que ao terminar de esculpir, contam que o artista teve um momento de alucinação diante da beleza de sua criação. Bateu com o martelo na estátua e gritou: Per chè non parli ?? (Porque não falas?)
 

Moisés - Michelangelo - Praça São Pedro - Roma

Entretanto, não foi apenas o período renascentista que trouxe esculturas com o mesmo padrão de transformação das pedras brutas em obras inacreditáveis!
Selecionamos algumas, pouco conhecidas pelo público em geral,  mas carregadas de delicadeza e perfeição.
 

1. A ninfa Galateia nos braços do pastor Aci -  Auguste Ottin, 1863. Fontana dei Medici, Jardim de Luxemburgo, Paris.

2. Bathsheba - Benjamin Victor, 2013.

3. Satiro com Bacante -  Jean Jacques Pradier, 1833

4.  Bela morrendo

Giovanni Duprè, 1842 – Museo dell’Ermitage a San Pietroburgo

5.  Leda e o cisne  -
Albert-Ernest Carrier-Belleuse, 1870 – Metropolitan Museum of Art, New York

 
 6.  A ninfa Salmace - 

Francois Joseph Bosio, 1826 – Louvre, Paris

 7.  Rapto de Polissena

Pio Fedi, 1865 – Loggia dei Lanzi, Florença

 

 8. Beatrice Cenci -  Harriet Hosmer, 1857 – Art Gallery of New South Wales, Sydney – Australia

9 - A camareira com o cão - Cemitério Monumental de Staglieno, Genova

10 -  Cristo velado - Nápoles - Giuseppe Sanmartino, 1753.

Saudações artísticas
Carla Camuso