sexta-feira, 19 de maio de 2017

Seu quadro foi vendido por 370 milhões de reais... Quem é esse tal de Basquiat ??

"Sem Título" Jean Michel Basquiat

É a pergunta que muitos fazem ao conferir essa notícia veiculada recentemente por diversos meios de comunicação.

Pois bem ilustres mortais, entendam de uma vez por todas que não é o belo que se vende em uma obra de arte. É a trajetória que o ARTISTA trilhou para atingir a IMORTALIDADE.

Aqui no Brasil o nome dele foi imortalizado na canção "BIENAL" de  Zeca Baleiro e Zé Ramalho em um verso um tanto quanto polêmico... mas que contempla integralmente o conceito da  Arte na contemporaneidade:


"(...) Com a graça de Deus e Basquiat, 
Nova York me espere que eu vou já
Picharei com dendê e vatapá
Uma psicodélica baiana

Esse mesmo cara que sai da condição de artista marginal (por opção) para um dos maiores representantes da geração de artistas contemporâneos, carregado de bagagem cultural, crítica social e reivindicações pela liberdade de expressão integra agora o panteão dos artistas que ultrapassam a casa dos 100 milhões de dólares por uma obra.
O quadro “sem título” de Basquiat acabou de ser vendido por US$ 110, 5 milhões(mais de 370 milhões de reais) em Nova York, no leilão de arte contemporânea  da Sotheby’s,  uma sociedade de vendas por leilão conhecida mundialmente. 

Porém, poucas pessoas  conhecem Jean Michel Basquiat, um jovem artista de rua americano, filho de imigrantes latinos (haitiano e porto-riquenha) que se tornou internacionalmente famoso por seus grafites coloridos e ao mesmo tempo agressivos, executados na década de 80 nos guetos novaiorquinos, principalmente porque teve uma breve carreira pois morreu aos 27 anos de overdose.

Usava um pseudônimo para assinar seus registros nas paredes e metrôs. E por acaso esse falso nome foi um dos motivos que chamou atenção do público intelectual:  “SAMO” uma sigla para (Same Old Shit) ou para nós, “sempre a mesma merda”. 

Essa visibilidade se deu principalmente pelo conteúdo das mensagens grafitadas. 

O jovem não emergiu do nada para o mundo artístico. Sua biografia aponta para uma educação erudita, família de classe média, falava inglês, francês e espanhol fluentemente, interessado em literatura e ópera e ao mesmo tempo quadrinhos e hip hop.  Os biógrafos dizem que sua mãe o levava desde muito cedo para visitar museus. 
Mas por opção decidiu abraçar as ruas como moradia pois o ambiente familiar era desregrado e violento.  
Chegou a vender nas ruas camisetas e cartões postais pintados por ele, até entrar no universo midiático em 1979 quando começou a participar de um programa televisivo de Manhattan que o tornou celebridade no mundo das artes.
Um artista completo... Músico (formou uma banda) e ator (chegou a participar de vídeoclips e filmes).


A crítica de arte, já envolvida com a pop art de Andy Warhol  e naturalmente ávida por divulgar os movimentos artísticos contemporâneos, impulsionou o artista que se uniu a vários outros com estilos similares, chegando inclusive a fazer exposições internacionais, dentre eles Julian Schnabel e David Salle, posteriormente conhecidos por artistas Neo-expresssionistas. 
Basquiat teve contato direto com o Andy Warhol sendo este um de seus mentores. 


Andy Warhol (à esquerda) e Jean Michael Basquiat (à direita),
fotografados em Nova York,  em 10 de julho de 1985
Foto: Michael Halsband/Landov



“(...)a escravidão e a opressão sob a supremacia branca são subtextos visíveis na obra de Basquiat " 


Com essa conotação os teóricos faziam questão de divulgar o trabalho de Basquiat. O intuito era espalhar a ideia da figura mítica de um artista negro reinando no mundo das artes dos brancos. Outro detalhe midiático de sua vida foi ter namorado a cantora Madonna. Esses e tantos outros aspectos de sua breve vida podem ser conhecidos por meio do filme: 

Traços de uma vida 

escrito e dirigido por seu amigo Julian Schnabel.  




Enfim, traços marcantes, originalidade, ousadia, porta-voz das transformações de um determinado contexto social e muita mídia envolvida é a receita básica para a obra de um artista valer ouro, enquanto houver magnata disposto a pagar. Afinal é a imagem do desenvolvimento criativo humano congelada num fragmento material.


Saudações Artísticas
Carla Camuso



Para maiores informações:

Indócil e Indizível: http://indocileindizivel.blogspot.com.br/2011/04/jean-michel-basquiat-sua-condicao-de.html

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