Não temos tanta tradição na comemoração 
do dia 31 de outubro (Halloween) como nos países de língua inglesa, 
especialmente os Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido. Porém, 
todos conhecem até porque absorvemos muito daquilo que a mídia norte 
americana nos apresenta. Hollywood que o diga !!! 
Nesse
 contexto, é possível que muitos tenham ouvido falar do tal "dia das 
bruxas", visto nos filmes criancinhas vestindo fantasias assustadoras e 
pedindo doces nas casas gritando a famosa frase  "trick or treating" (gostosuras ou travessuras). Mas saber exatamente do que se trata... provavelmente bem poucos. O desconhecimento gera naturalmente julgamentos errôneos e maldosos sobre o tema.
Por 
isso, segue aqui uma explanação (a melhor que encontrei) sobre a origem da tradicional e cultural data 
comemorativa, que merece ser respeitada. 
Origem do nome
O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve". "Hallow"
 é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O 
termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os 
Santos, celebrado em 1º de novembro. Mas uma coisa é a etimologia de seu nome, outra completamente diferente é a origem do Halloween moderno.
Origem da festa
 Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival 
pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain 
(termo que significa "fim do verão").
O Samhain durava três dias e
 começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao 
"Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre 
suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após
 a época de colheita.
O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados.
A
 comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam
 conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf".
 Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a 
celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há 
muitas diferenças também.
Em meados do século 8, o papa Gregório 
3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio - a data do 
festival romano dos mortos - para 1º de novembro, a data do Samhain.
Não
 se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a 
celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de 
"cristianizar" o Samhain.
Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a
 nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de
 Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se 
misturando.
Origem da festa nos moldes atuais
O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.
Fogueiras
 tornaram-se especialmente populares a partir do Halloween. Elas eram 
usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain),  
como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou 
para repelir bruxaria e a peste negra.
Outro costume de Halloween 
era o de prever o futuro - previa-se a data da morte de uma pessoa ou o 
nome do futuro marido ou mulher.
Muitos 
destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, uma 
pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu 
formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a 
personalidade do futuro cônjuge.
Outros incluíam pescar com a boca
 maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e a leitura de 
cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face 
da pessoa amada.
Comer era um componente importante do Halloween, 
assim como de muitos outros festivais. Um dos hábitos mais 
característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando 
rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles 
recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa 
que havia sido liberada do purgatório.
Igrejas de paróquias 
costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era 
tão incômoda que o rei Henrique 3º e a rainha Elizabeth tentaram 
bani-la, mas não conseguiram. Este ritual prosseguiu, apesar das multas 
regularmente aplicadas a quem fizesse isso.
A chegada da Comemoração nas Américas
 Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a "Grande 
Fome", 1 milhão de pessoas foram forçadas a imigrar para os Estados 
Unidos, levando junto sua história e tradições.
Não é coincidência
 que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco 
depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana 
publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado "inglês".
A
 princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam 
brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita 
americanos. As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos 
viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou "doughnuts" em inglês.
O
 milho era uma cultura importante da agricultura americana - e acabou 
entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. 
Tanto que, no início do século 20, espantalhos - típicos de colheitas de
 milho - eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.
Foi na
 América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino 
Unido, o legume mais "entalhado" ou esculpido era o turnip, um tipo de 
nabo.
Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser 
mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às 
luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween 
americano, marcado pelas cores laranja e preta.
Foi nos Estados 
Unidos que surgiu a tradição moderna de "doces ou travessuras". Há 
indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar
 peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a 
partir dos anos 1920.
As brincadeiras podiam acabar ficando 
violentas, como ocorreu durante a Grande Depressão, e se popularizaram 
de vez após a Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento de alimentos
 acabou e doces podiam ser comprados facilmente.
Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com doces.
Ele veio após a transmissão pelo rádio de Guerra do Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, gerou uma grande confusão quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938.
Ao
 concluí-la, o ator e diretor americano Orson Wells deixou de lado seu 
personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha
 de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol 
para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.
 Hoje, o Halloween é o maior feriado não cristão dos Estados Unidos. 
Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados e a Páscoa como a data em que
 mais se vende chocolates. Ao longo dos anos, foi "exportado" para 
outros países, entre eles o Brasil.
Por aqui, desde 2003, também 
se celebra neste mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei 
que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao 
Dia das Bruxas.
Em sua "era moderna", o Halloween continuou a 
criar sua própria mitologia. Em 1964, uma dona de casa de Nova York 
chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para 
cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava 
velhas demais para brincar de "doces ou travessuras". Logo, 
espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e
 doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.
Atualmente, o
 festival tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de 
colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério 
norte. Ao mesmo tempo, vem ganhando novas formas e dado a oportunidade 
para que adultos brinquem com seus medos e fantasias de uma forma 
socialmente aceitável.
Ele permite subverter normais sociais como 
evitar contato com estranhos ou explorar o lado negro do comportamento 
humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja este o 
motivo de sua grande popularidade.
FONTE:  BBC Brasil 
 

 
 

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