segunda-feira, 15 de maio de 2017

Artistas... mães

Renee Cox - Série YO MAMA (1992-97)

Autorretrato de Élisabeth Vigée Le Brun, com sua filha Julie, 1787

Não podíamos deixar passar em branco o dia em que a sociedade reflete sobre a importância do papel materno sobre a vida das pessoas, o dia das mães. Só que ao invés de trazer as pinturas da maternidade feitas por artistas famosos, vamos lançar nosso olhar para a produção feminina...
A pouco tempo li um artigo que se intitulava: A imagem da mãe pelas artistas plásticas do século XX, escrito pela Profa Dra  Nádia da Cruz Senna.  Achei interessante a abordagem mas senti falta da imagem para associar às informações que estavam sendo passadas. E é exatamente isso que trarei aqui. As pinturas relacionadas ao artigo que inclusive é possível lê-lo clicando nesse link (download).

" A maternidade vista pela artista mulher, e na maioria das vezes, mãe também, apresenta diferenças peculiares em relação à produção masculina. Destaca-se a compreensão e o significado do tema a partir de uma experiência que é única. As transformações físicas, o parto, a amamentação e os cuidados com o bebê são vividos de forma intensa e particular. Esta consciência e envolvimento profundo entre o par “mãe e filho” se fazem presentes nas obras das artistas. A mãe é representada como o sujeito da ação, e não, como um simples objeto do olhar."
                                                                                                                                  
Nádia da Cruz Senna

Iniciemos com Elizabeth Vigée-Lebrun, uma das mais famosas pintoras francesas do século XVIII, com um estilo que transita entre o Rococó e Neoclássico.
A artista se destacou principalmente por ser convidada pela Rainha Maria Antonieta, que buscava um pintor que pudesse disfarçar alguns aspectos de sua aparência, coisa que Elizabeth conseguiu com maestria. 
Retrato de Maria Antonieta com seus filhos - Elizabeth Vigée-Lebrun, 1787
A obra que retrata a cena da rainha com seus filhos foi encomendada pela soberana para melhorar a sua reputação que não andava muito boa entre seus súditos. Apesar da dedicação da artista, não atingiu o propósito e precisou ser retirada do Salão de Arte. Não pelo descontentamento com a pintura mas pelo descontentamento político que já pairava sobre o reino.

Emmie and her Child - Mary Cassat, 1889
Mary Cassat, pintora impressionista americana mostra em suas pinturas um universo materno mais aconchegante, sendo retratadas as particularidades da relação mãe-filho: o banho, o carinho, a amamentação...

“Mãe e filho partilham um mundo próprio, em uma relação pré-simbólica, simbiótica, a parte da esfera pública ou patriarcal” 
Linda Nochlin
Mãe Rose amamentando seu filho - Mary Cassatt, 1900
A observação de Nochlin se baseia nos aspectos representados pela artista americana, especialmente quando se percebe o caráter tátil entre mãe e filho. O toque é enfatizado em inúmeras de suas pinturas que trazem a abordagem maternal.

Mãe e filho, Mary Cassatt - 1898
O Banho. Mary Cassat - 1893















Em sentido oposto seguiu Kathe Kollwitz, artista expressionista que acompanhou os horrores da Primeira Guerra Mundial na Alemanha e que inclusive foi a causadora da sua maior dor: a perda do filho alistado. Foi duramente perseguida pelos nazistas e viu de perto o percurso trágico trilhado pela Europa caminhando para a segunda guerra. Diante desse cenário, suas gravuras não poderiam ser diferentes.  Trouxe temas como a fome, doença, prostituição, gravidez indesejada e violência contra a mulher. Seus trabalhos  trazem a ideia da mãe dolorosa.
Sobreviventes, Käthe Kollwitz, gravura - 1922

Fome, Käthe Kollwitz, gravura - 1922
O sacrifício, Käthe Kollwitz, gravura - 1922


















Auto-retrato no meu sexto aniversário de
casamento,
Paula Modersohn-Becker, 1906
Ainda no estilo expressionista, mas com outro viés, Paula Modersohn-Becker foi uma das primeiras artistas a se auto representar nua e grávida, de acordo com Nádia Senna. Traz em sua obra mães geralmente nuas e seus filhos, uma ideia associada ao ciclo da vida. Cabe lembrar que a artista quando se auto retratou grávida tinha apenas o desejo de ser mãe. Veio a engravidar um ano após executar a pintura, falecendo vinte dias depois do parto.


Encostados, mãe e filho, Paula Modersohn-Becker, 1906

Para finalizar, o olhar da artista jamaicana Renee Cox que produziu uma série de fotografias intituladas Yo Mamma, entre 1992 a 1997. A artista usa seu próprio corpo nu ou vestido, para celebrar a feminilidade negra e criticar nossa sociedade racista e sexista. Seus trabalhos estão expostos no Brooklin Museum em Nova York. 
Abaixo segue algumas das fotos que integram a série: 






Dedicamos essas belas imagens a todas as mães que carregaram, carregam e carregarão o dom de dar a luz, amamentar e cuidar dos filhos do planeta Terra.

Saudações artísticas
Carla Camuso 🌺




Informações complementares extraídas em: 

www. rainhastragicas.com.  Acesso em 15 de maio de 17
www.leme.pt/biografias.  Acesso em 15 de maio de 17
https://www.brooklynmuseum.org. Acesso em 15 de maio de 17

Nenhum comentário:

Postar um comentário